quarta-feira, 18 de maio de 2011

EGITO - MAIS DE 350 FERIDOS E 130 DETIDOS NOS PROTESTOS DO NAKBA




Eletronic Intifada - [Maureen on Mon, Tradução de Diário Liberdade] 16 de Maio de 2011. Diversas publicações no Egito trazem a notícia de que mais de 350 pessoas foram feridas pelas autoridades egípcias durante os protestos ocorridos em frente ao consulado de Israel, no subúrbio de Giza no Cairo, na última noite (15), segundo dados do Ministério da Saúde.


Os protestos de cunho pacíficos em frente à embaixada israelense estavam ocorrendo desde domingo (15), o dia que marca o Nakba palestino – a desocupação forçada do território palestino para o estabelecimento do Estado de Israel. Mas a cena tornou-se violenta perto do fim da noite.


As manifestações em frente à embaixada israelense têm sido frequentes e os manifestantes, no dia que marca o aniversário do Nakba palestino, isto é, a desapropriação, entoaram palavras de ordem para que o embaixador deixasse o país.


O Al-Ahram noticiou hoje (16):

Os manifestantes foram dispersos pela Polícia Militar e pelas Forças Centrais de Segurança, por volta das 23h. As autoridades utilizaram granadas de gás e balas de borracha. Uma testemunha ocular disse que munição letal também foi utilizada. A mídia local informou que as fontes médicas do hospital Om El-Masreeyen receberam a informação de que houve um manifestante baleado na cabeça.


Alguns manifestantes foram presos. Os vídeos das prisões e dos confrontos podem ser encontrados em circulação em veículos informais como o Twitter e o Facebook. Um dos vídeos mostra um manifestante atingido no abdômen por uma bala.


A Al-Jazeera noticiou:

Pelo menos dois manifestantes foram atingidos por munição letal, enquanto outros foram hospitalizados após a inalação de gás de efeito moral, ou por terem sido atingidos por balas de borracha, algumas das quais penetraram a pele, afirma uma testemunha.


Um manifestante, Atef Yehia, foi atingido na cabeça, enquanto outro, Ali Khalaf, foi atingido no abdômen. Os dois sobreviveram, no entanto Yehia respira com a ajuda de aparelhos e pode ter sofrido danos cerebrais, disse um amigo na segunda (16) pela manhã.


A repressão dos protestos também marca um revés para os ativistas que fazem campanha pela limitação do poder judicial militar no Egito pós-revolucionário. Um veterano da polícia falou à Al-Jazeera que 137 manifestantes foram presos e serão interrogados por um promotor militar. Enquanto eles aguardavam o interrogatório, os manifestantes foram mantidos na prisão militar de Hikestep, nos arredores de Cairo, de acordo com informações de ativistas e advogados dos direitos humanos.


A Al-Jazeera Inglesa também informou que Tarek Shalaby e Mosaab Elshamy, dois ativistas de destaque da revolta do 25 de Janeiro, estão entre os detidos.


Ativistas egípcios pediram por uma marcha até a fronteira do Egito com Gaza, mas A Intifada Eletrônica informou hoje cedo:


As autoridades egípcias e jordanianas impediram centenas de manifestantes em uma tentativa de atravessar para os territórios controlados por Israel. A polícia egípcia utilizou métodos de dispersão de motins contra as centenas de manifestantes na Alexandria e contra os manifestantes que estavam em frente à embaixada e consulado israelense no Cairo.


O fim do relacionamento acolhedor que Mubarak mantinha com Israel foi uma parte central nas reivindicações dos opositores egípcios ao regime. O governo de transição diz estar considerando o fim do bloqueio à Gaza, que foi mantido como uma parceria entre o governo de Mubarak e o de Israel.


A recente intermediação do Egito nos acordos entre o Hamas e o Fatah, para uma união nacional, é uma evidente indicação de que o Egito está mais disposto a negar os interesses de Israel e dos EUA. Os manifestantes pedem por um fim ao impopular acordo de fornecimento de gás natural do Egito para Israel.


O acordo sempre foi impopular entre a maioria dos egípcios, que se queixavam de que Mubarak vendia gás natural a Israel por um preço mais baixo do que Israel pagava para as empresas privadas que realizavam as operações de extração em seu próprio país. Ações judiciais para encerrar o acordo foram infrutíferas.


Traduzido para Diário Liberdade por E. R. Saracino

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