sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

REPRESSÃO POLICIAL CONTRA ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE DE PORTO RICO


10.02.11 - Porto Rico
Karol Assunção - Jornalista da Adital
Adital

O confronto entre policiais e estudantes ocorrido ao meio-dia de ontem (9) na Universidade de Porto Rico (UPR) chamou atenção de organizações internacionais de defesa de direitos humanos. A Anistia Internacional, por exemplo, divulgou um comunicado em que pede aos policiais que atuem com disciplina e respeitem os direitos humanos. Também em rechaço à violência, a Associação Porto-Riquenha de Professores Universitários (APPU) e a Irmandade de Empregados Isentos Não Docentes da UPR (HEEND) iniciaram, na tarde de ontem, uma paralisação por 24 horas.

O novo episódio de violência aconteceu por volta de meio-dia em frente à Biblioteca José M. Lázaro, no campus de Río Piedras da UPR, e resultou em pelo menos 28 universitários detidos e em vários manifestantes e policiais feridos. De acordo com informações de estudantes, o incidente começou quando os manifestantes que realizavam pinturas no local perceberam que eram gravados por policiais e pediram que não fossem capturados no vídeo. Os agentes, então, responderam com gás de pimenta.

Os universitários afirmaram que os policiais agrediram os manifestantes de forma gratuita. A polícia, por outro lado, relatou que a violência começou após uma estudante bater na mão da oficial Hilda Rivera enquanto ela tirava fotos da manifestação. O que as imagens revelam é uma grande confusão. Estudantes sendo agredidos por agentes da Força de Choque e, em resposta, lançando pedras contra os policiais.

Diante desse quadro, a Anistia Internacional se pronunciou pedindo a investigação dos atos de violência ocorridos desde o início da greve estudantil. Da mesma forma, solicitou que a Polícia desempenhe seu trabalho com mais disciplina e respeito aos direitos humanos. "Anistia Internacional pede ao Departamento de Polícia de Porto Rico que exerça suas atuações com moderação em relação à greve dos estudantes universitários e às diferentes manifestações, incluindo atos de desobediência civil”, apresentou.

Na declaração, a organização de defesa dos direitos humanos reconheceu os desafios enfrentados pelos policiais durante a ação em grandes manifestações, mas lembrou que é obrigação da Polícia usar a força somente quando for "estritamente necessária, de forma proporcional e de modo que reduza ao mínimo os danos e as lesões”.

A Anistia observou que não é assim que a polícia porto-riquenha tem trabalhado até agora durante a greve estudantil. No comunicado, recordou episódios em que os agentes policiais atuaram com uso excessivo de força contra os estudantes, como durante as manifestações em maio do ano passado.

"Nesse sentido, a Anistia Internacional se preocupa com as repetidas ocasiões em que a polícia de Porto Rico tem sido gravada utilizando gás de pimenta, gases lacrimogêneos e balas de borracha, esta última sendo potencialmente mortal. Além da dispersão excessiva que se tem documentado, na qual inclui o comando de unidades táticas, Swat, a polícia montada, a unidade de motociclistas e a utilização de helicópteros”, destacou.

O rechaço à violência policial contra os universitários não partiu somente da Anistia Internacional. Na tarde de ontem, integrantes da HEEND e da APPU anunciaram uma "Paralisação pela Dignidade”. Estudantes e professores estão, hoje, nos portões da Universidade para comunicar aos universitários que não haverá aula por conta da paralisação, prevista para durar 24 horas.

Manifestações


Os estudantes completam, nesta quinta-feira, 58 dias em greve contra a taxa de matrícula de 800 dólares e a paralisação de diversos programas da Universidade para diminuir a crise econômica vivida pela instituição. Além disso, pedem a retirada de policiais dos campi da UPR.

Mesmo com a repressão da Polícia, os universitários estão dispostos a continuar com as mobilizações. No próximo sábado (12), realizarão uma "Marcha em Defesa da UPR e em apoio aos estudantes”. A manifestação, que reunirá organizações universitárias, religiosas, sindicalistas e comunidade em geral, sairá às 14h da Praça Convalecencia rumo à Praça Universitária, em Río Piedras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário