sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

OPERAÇÃO GUILHOTINA COLOCA EM CHEQUE A SEGURANÇA PÚBLICA DO RIO

Beltrame diz confiar no chefe da Polícia Civil e que problema no Rio é 'antigo e sério'

Em 11/02/2011 Rio - O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que o chefe de Polícia Civil do Rio, delegado Alan Turnowski, goza da sua confiança e que ele é apenas testemunha nas ações que desencadearam a Operação Guilhotina, que já prendeu 28 pessoas na manhã desta sexta-feira.

"Se eu tivesse conhecimento de algo ilegal, providências já teriam sido tomadas. Ele é apenas testemunha no processo por ser o chefe de uma instituição que está sendo investigada. Não vou fazer juizo de valor precipitado sobre nada. Contra quem encontramos provas foi expedido o mandado de prisão", comentou Beltrame.

Turnowski está prestando esclarecimentos na Superintendência da Polícia Federal na condição de testemunha na Operação Guilhotina, que investiga policiais civis e militares que estariam envolvidos com o tráfico de drogas, milícias e contravenção, entre outros crimes.

Dos 28 presos até o momento, 16 são policiais militares e seis são civis. Agentes da Polícia Federal ainda realizam ações para cumprir outros 17 mandados de prisão.

Situação de delegado é 'muito ruim'

Já em relação ao delegado Carlos Antônio Luiz Oliveira, Beltrame afirmou que a situação dele é "muito ruim e já está consubstanciada". O superintendente da PF, delegado Ângelo Fernando Gióia, acrescentou dizendo que existem provas materias para o pedido de sua prisão, uma vez que ele estaria relacionado com os policiais envolvidos no espólio de guerra (subtração de produtos de crime), desvio de armas e repasse de informações a traficantes.

Carlos Oliveira, que é ex-subchefe da Polícia Civil, é considerado foragido da Justiça depois que PFs chegaram nesta manhã com um mandado de prisão à sua casa em Campo Grande, Zona Oeste da cidade, e não o encontraram.

"Estamos realizando um trabalho belíssimo e histórico. O problema do Rio é antigo e sério e felizmente estamos encontrando parceiros que nos ajudam. Não vou abrir mão de qualquer parceria e acredito que estamos dando respostas concretas à sociedade no combate ao crime" , completou.

Delegada é detida para esclarecimentos

De acordo com o delegado Gióia, as 17ª (São Cristóvão) e 22ª (Penha) DPs foram fechadas por algumas horas nesta manhã para que os policiais pudessem dar cumprimento a mandados de busca e apreensão de documentos, computadores, veículos e outros materiais nos distritos. Depois dos trabalhos dos agentes, as distritais foram abertas.

Ele acrescentou ainda que a delegada Márcia Beck - titular da delegacia da Penha e que já havia trabalhado na DP de São Cristóvão - foi detida encaminhada à sede da PF "por vontade própria". Ele disse que durante os trabalhos dos agentes a delegada "exerceu uma conduta que as autoridades entenderam por bem levá-la para prestar esclarecimentos", até mesmo por ela ser a responsável por aquela distrital.

De acordo com informações, Márcia Beck teria ligado para um policial lotado na unidade dizendo para que ele não fosse à delegacia porque os federais estavam no local.

Ação mobiliza 580 homens

A Operação Guilhotina foi deflagrada pela PF na manhã desta sexta-feira, com o apoio de 200 agentes da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) e do Ministério Público Estadual (MPRJ). O objetivo é cumprir 45 mandados de prisão preventiva - sendo 11 contra policiais civis e 21 contra policiais militares -, e 48 mandados de busca e apreensão.

Cerca de 380 homens da PF participam da ação, que ainda investiga a ligação dos policiais com venda de armas e informações e o chamado "espólio de guerra", que é a subtração de produtos de crime encontrados em operações policiais, como ocorrido na recente ocupação do Complexo do Alemão. Os agentes contam com o apoio de lanchas na operação.

As investigações iniciaram a partir de vazamento de informações numa operação conduzida pela PF em 2009, que tinha como principal objetivo prender o traficante Rupinol, que atuava na Favela da Rocinha junto com Nem, apontado como o chefe do tráfico na comunidade. De acordo com a Polícia, um grupo de policiais é suspeito de receber até R$ 100 mil por mês para proteger Nem e o avisar sobre operações no local.

A partir daí, duas investigações paralelas foram iniciadas, uma da Corregedoria Geral Unificada da SSP e outra da Superintendência da PF. A troca de informações entre os serviços de inteligência das instituições deu origem ao trabalho conjunto desta manhã.

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