quinta-feira, 25 de março de 2021

REINO UNIDO - RAINHA ELIZABETH II ORDENA REVISÃO DA POLÍTICA DE DIVERSIDADE DA CASA REAL BRITÂNICA

 

REALEZA BRITÂNICA

Rainha Elizabeth II ordena revisão da política de diversidade da Casa Real Britânica

As acusações de racismo de Meghan Markle e do príncipe Harry forçam o palácio de Buckingham a tratar do assunto


A rainha Elizabeth II na sacada do palácio de Buckingham com outros membros da família real em 10 de julho.


A casa real britânica decidiu que não basta “discutir em família e em particular” as acusações de racismo feitas por Meghan Markle e o príncipe Harry—duque e duquesa de Sussex— em sua entrevista à apresentadora norte-americana Oprah Winfrey. Foi a questão mais sensível e potencialmente prejudicial daquela conversa, e a única em que a mídia britânica conservadora e a progressista estão de acordo sobre a urgência de uma resposta. Elizabeth II já deu os primeiros passos e encomendou uma revisão, sem pressa, mas firme, sobre as políticas de diversidade racial, étnica e de orientação sexual que são aplicadas no recrutamento de pessoal no palácio de Buckingham (residência da rainha), Clarence House (residência e centro administrativo do príncipe Charles) e o palácio de Kensington (a estrutura que sustenta o trabalho do príncipe William e Kate Middleton, os duques de Cambridge).

“Já existem políticas, procedimentos e programas, mas não vimos o progresso que gostaríamos de ver e aceitamos a necessidade de fazer mais e melhorar as coisas”, admitiu uma fonte da casa real ao Mail On Sunday, o jornal que antecipou a novidade. A equipe da rainha começará a buscar as opiniões de especialistas, empresários e personalidades do Reino Unido para verificar a percepção pública de como o palácio de Buckingham lida com uma questão tão delicada no país como a raça. Entre os planos está a ideia de contratar um “diretor de diversidade” que possa dar impulso à ideia no âmbito da realeza.

O duque e a duquesa de Sussex declararam na entrevista a Oprah, que um membro da família real expressou preocupação com a futura cor da pele do bebê que Markle estava esperando na época. O casal pouco depois fez questão de esclarecer que o responsável por esses comentários não era nem a rainha nem seu marido, o príncipe Philip. No entanto, deixaram no ar a dúvida sobre o autor do comentário, o que se agravou quando o príncipe Harry confirmou à apresentadora que a questão do racismo havia sido um fator fundamental em sua decisão de deixar o Reino Unido. A entrevista causou uma crise de opinião e reputação que dividiu os britânicos. A primeira resposta, contida, mas morna, veio em comunicado do palácio de Buckingham em que assegurava que “levava muito a sério estas acusações”, mas que “as memórias do ocorrido podem variar”. Apenas dois dias depois, foi o príncipe William quem garantiu, quando questionado diretamente por um jornalista, que “sua família não é racista de forma alguma”, com um tom visivelmente irritado.

Buckingham agora decidiu redirecionar os ânimos com uma revisão completa de suas políticas de diversidade, que ainda terá que demonstrar se é um mero exercício de relações públicas ou um esforço sincero para abordar a questão. De todo modo, não é a única resposta ao terremoto causado por Meghan Markle e o príncipe Harry. A casa real também está conduzindo uma investigação interna sobre as acusações de assédio no local de trabalho feitas por vários ex-funcionários contra a duquesa de Sussex, que descreveu o assunto como uma nova “campanha de difamação”.

No domingo passado, a revista semanal do jornal The Sunday Times dedicou sua capa a um príncipe William em uniforme de gala e incluiu uma extensa reportagem (“exclusiva sobre a realeza”, anunciou) com acesso direto aos amigos e colaboradores do terceiro na linha de sucessão ao trono britânico. Dez anos depois de seu casamento com Kate Middleton, a revista apresenta William como um homem de seu tempo, que assumiu com serenidade o papel que o espera no futuro, e relembra suas intervenções em apoio à comunidade LGBT no Reino Unido, ou a pequena reprimenda que proferiu no seu discurso nos prêmios da British Academy of Cinema (Bafta), sobre “a necessidade de garantir uma maior diversidade no setor e na premiação, algo que não deveria ser assunto de discussão nestes tempos”.

UM RESPIRO PARA O ‘DAILY MAIL’

A justiça do Reino Unido deu mais tempo ao tabloide Daily Mail para digerir sua derrota na batalha contra Meghan Markle. Um tribunal superior suspendeu sua sentença retificatória contra o jornal até 6 de abril, para que os proprietários tenham tempo de recorrer. A duquesa de Sussex processou a Associated Newspapers Limited, a editora do jornal, depois que publicou quase todo o conteúdo da carta manuscrita que ela enviou a seu pai nos dias anteriores a seu casamento com o príncipe Harry em maio de 2018. Markle não só viu reconhecido pelo tribunal seu direito à privacidade, como também os direitos autorais de um material cuja publicação ela não autorizou. O tribunal ordenou que o Daily Mail faça a retificação na primeira página, a publique na íntegra na página três do jornal e a mantenha nesse espaço por uma semana inteira.

A tempestade desencadeada pelos duques de Sussex em sua entrevista a Oprah Winfrey não causou uma crise somente na casa real britânica. Suas principais acusações foram dirigidas contra a mídia sensacionalista britânica, que em um primeiro momento contra-atacou com ferocidade. A primeira baixa foi o jornalista e apresentador Piers Morgan. A rede ITV o retirou do popular programa Good Morning Britain depois que ele investiu com virulência contra Markle no dia seguinte à entrevista. Horas depois, Ian Murray, diretor da Sociedade de Editores, que reúne os principais jornais, também teve que renunciar por causa de sua dura carta-resposta aos Sussexes publicada pela associação.

De: EL PAÍS

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