quinta-feira, 8 de julho de 2010

OCUPAÇÃO ILEGAL DE ISRAEL

Ni’lin, exemplo da ocupação ilegal de Israel
por Admin última modificação 11/06/2010 12:10


Cidade da Cisjordânia cortada pelo muro e colônias teve quase 90% de seu território tomado pelo Estado de Israel desde 1948

11/06/2010

Dafne Melo
da enviada a Ni’lin (Palestina)


Ouvir a história de uma família palestina é necessariamente ouvir histórias de como o Estado de Israel roubou casas e terras dos palestinos. No país, não há uma pessoa sequer que não tenha um caso de desalojamento forçado dentro da família para contar, muitas vezes mais de um caso, muitas vezes sendo o próprio interlocutor uma das vítimas da ocupação sionista.
Ni’lin é apenas um dos inúmeros casos. A cidade fica no interior da região comumente chamada de Cisjordânia, próxima Ramallah, onde está a sede da Autoridade Nacional Palestina (ANP). “Nós palestinos não usamos a palavra “cisjordânia”, que é a que eles usam para nos designar, mas sim Daffa”, conta Taicir Karaja, brasileiro de pais palestinos, nascido em Venâncio Aires, Rio Grande do Sul.

De acordo com o acordo de Oslo, firmado em 1993 entre o governo de Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), então presidida por Yasser Arafat, toda a região da Cisjordânia ficaria sob comando da ANP, sendo Israel obrigado a retirar todas as suas tropas da região (bem como da Faixa da Gaza). O muro construído por Israel, porém, não respeita a fronteira, além do Estado sionista continuar construindo colônias em toda região. Uma delas, Matityahu, tem até mesmo uma página na internet (www.matityahu.org). O mapa não leva em consideração a parte árabe da região, nem nomeia as cidades palestinas.


Apartheid
Ahmad Jaradar, do Centro de Informação Alternativo (AIC, sigla em inglês), afirma que hoje existem cerca de 500 mil colonos em 145 colônias na Cisjordânia. “Daffa está totalmente recortada por colônias israelenses, de norte a sul, de leste a oeste, cortando a comunicação entre as cidades palestinas”, conta.

Em Ni’lin, além do muro, uma estrada construída para atender a colônia corta a cidade. Aos palestinos não é permitido o acesso a essas estradas, geralmente cercadas com arame farpado e que contam com os chamados “check points”, barreiras militares construídas por Israel para barrar a circulação dos palestinos. O controle nas estradas também é feito pelas placas. As amarelas, de Israel, podem circular por todo território, já as brancas, da ANP, têm acesso restrito.

Fuad Khauadja, da União de Comitês Agrícolas, conta que as estradas e o lugar onde foram construídas as colônias impedem o acesso dos agricultores a suas próprias terras, impossibilitando a atividade agrícola, mais precisamente na região, o cultivo de oliveiras. Taicir, que vive na cidade vizinha de Saffo, conta que o muro fez com que ele perdesse 70% de sua plantação.

O muro, porém, é apenas um capítulo mais recente da história da ocupação ilegal da cidade palestina. Para se ter uma ideia, antes da primeira ocupação israelense, em 1948, a cidade tinha cerca de 57 mil metros quadrados. Hoje, restaram aos árabes apenas 7 mil metros quadrados. O resto foi todo tomado pelo Estado israelense.


Expulsão e controle
Outro dado que mostra o processo de expulsão dos palestinos da área é o do crescimento populacional. Em 1948, havia 2.500 habitantes. Mais de 60 anos depois, a cidade possui apenas 5 mil, um crescimento pequeno para a quantidade de tempo transcorrido. Cálculos apontam, afirma Khauadja, que se Ni’lin tivesse seguido um crescimento natural, essa população deveria estar em torno de 30 mil. “O que Israel quer é pressionar o povo palestino para que a gente saia daqui. O único motivo do muro é esmagar o povo palestino, não tem nada a ver com segurança”, afirma.

Hoje, quase 90% do muro está pronto. “Como constroem colônias ilegais no meio de cidades palestinas, o governo israelense ainda tem projetos de construir pontes e estradas monitoradas pelo Exército para facilitar a locomoção dos colonos sem que tenham que passar pelas cidades e povoados palestinos, o que na prática significa mais ocupação, mais roubo de terras”, aponta Khauadja.

Hoje, as colônias não são habitadas exclusivamente por judeus. Israel dá incentivos aos judeus de todo mundo para que venham morar em Israel, oferecendo casa e emprego. Nos últimos anos, porém, devido a diminuição da migração judaica, o Estado sionista tem dado incentivo à imigração de russos, habitantes do leste europeu e latino-americanos. A ideia é não prescindir da mão-de-obra palestina. Ahmad Jaradar, do Centro de Informação Alternativo, explica que nem todos os colonos têm motivação ideológica e religiosa para imigrar. “Grande parte vem apenas por razões econômicas”, afirma.

RELATÓRIO DE VIOLÊNCIA CONTRA POVOS INDÍGENAS

O Relatório de Violência Contra Povos Indígenas no Brasil - 2009 será lançado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) na sexta-feira (09)

Sessenta casos de assassinato, 19 suicídios e 16 tentativas de homicídio. Esse é o saldo, em números, da violência contra indígenas, de acordo com o Relatório de Violência Contra Povos Indígenas no Brasil - 2009, que será lançado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) na sexta-feira (09).

O lançamento acontecerá na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), às 15h, com a presença do secretário geral da CNBB, dom Dimas Lara, da doutora em Antropologia pela PUC-SP, Lúcia Helena Rangel (que coordenou a pesquisa), do presidente e vice-presidente do Cimi, dom Erwin Kräutler e Roberto Antônio Liebgott, e do conselho da entidade.

O relatório é feito com base no noticiário da imprensa em jornais, revistas, rádios, sítios virtuais, além dos registros sistemáticos efetuados pelas equipes do Cimi. De acordo com a professora Lúcia Rangel, "não se pode constatar uma tendência de diminuição de conflitos e situações de violência, mesmo que alguns números sejam menores do que os registrados em anos anteriores". Ela ressalta também que o relatório não abarca todos os casos e que são relatados apenas os registros que foram possíveis de se conseguir durante todo o ano.

Entre as violências sofridas pelos indígenas, segundo a publicação, estão a não-demarcação de terras; falta de proteção das terras indígenas; descaso nas áreas de saúde e educação e a convivência com a execução de lideranças; ataques a acampamentos e outras agressões por agentes de segurança; ataques a indígenas em situação de isolamento; tortura por policiais federais; e suicídios; entre outras. Em seu texto de apresentação, Roberto Liebgott afirma que o relatório pretende mostrar "a omissão como opção política do governo federal em relação aos povos indígenas".


Dados
No relatório, que traz os dados referentes ao ano de 2009, chama a atenção, novamente, a concentração de casos de violação de direitos no Mato Grosso do Sul, especialmente os relacionados ao povo Guarani Kaiowá. O estado possui a segunda maior população indígena do país, com cerca de 53 mil pessoas.

Somente ano passado, 33 indígenas foram assassinados no MS, o que representa 54% do total de 60 casos apresentado pelo relatório. Tais ocorrências são caracterizadas pela doutora em Educação Iara Tatiana Bonin como racismo institucional. “A violência sistemática registrada nos últimos anos permite afirma que nesse estado se configura um tipo de racismo institucional, materalizado com ações de grupos civis e omissões do poder público”.

A publicação também aponta a situação conflituosa em que vivem os indígenas no Sul da Bahia, onde há um crescente processo de criminalização de lideranças e intensificação de ações contra os indígenas. Em 2009, cinco indígenas da comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro foram capturados e agredidos durante uma ação da Polícia Federal. Durante a ação eles receberam choques elétricos na região dorsal e genital.

Também há registros de altos indíces de violência causados por grandes projetos do governo federal, como pequenas centrais hidrelétricas, programas de ecoturismo, gasodutos, exploração mineral, ferrovias e hidrovias, que impactam territórios indígenas e afetam a vida de diversos povos. Como exemplo, o relatório cita a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, acusada de promover consequências desastrosas e irreversíveis ao meio ambiente e às comunidades da região.

(Com informações do Cimi)